Com um álbum completamente novo a caminho e sua turnê de retorno bem próxima, Brooke Fraser fala com Lydia Jenkin do “The New Zealand Herald” sobre reinventar a si mesma e a sua música. [...]
Essa é a Brooke Fraser que
conhecemos - positiva, atenciosa, encantadora, premiada cantora e compositora,
filha do ex-jogador Bernie Fraser, e, sim, uma cristã.
Nada disso mudou, é claro,
mas com seu quarto álbum, intitulado “Brutal Romantic”, estamos prestes a ver
um novo lado dela.
“Eu realmente senti que “Flags”
foi o fim de uma trilogia pra mim como artista. Eu senti como se tivesse
explorado muito do mundo folk pop
como cantora e compositora. Eu sabia que precisava explorar minha voz em sons
orgânicos e eu realmente queria experimentar com ajustes minha voz em
diferentes texturas. [...]”
Essa experimentação levou-a
de maneira bastante incomum a uma jornada de mudança de perspectiva auditiva
por meio de diferentes cidades e culturas, escrevendo com uma ampla gama de
colaboradores, tentando justamente descobrir como essa nova Brooke Fraser
soaria. [...]
Outra de suas colaborações
de composição bem sucedida foi com seu marido Scott Ligertwood, que colaborou com
"Something In The Water" - um hit de "Flags"- e também a ajudou a trazer o seu primeiro
single oficial deste novo álbum à vida, a música “Kings & Queens.”
Todo o álbum é estruturado
no mundo de profundidade das batidas eletrônicas e sintetizadores. É mais
ousado, nítido, menos polido e mais cínico. Mergulhado em um inteiramente novo rock’n’ roll cheio de atitude.
"Eu acho que ao se
ouvir meu novo CD pela primeira vez as pessoas podem sentir que "Brutal
Romantic" é uma mudança drástica. Eu acredito que na medida em que se cresce
com as pessoas e elas passam a te ouvir mais e em outras vezes, elas
conseguirão perceber o mesmo DNA nas canções. E encontrarão no álbum o meu
coração, a minha criatividade, e a minha imaginação, a única diferença é que
estou usando uma roupagem sonora diferente."
O título do álbum, que ajuda
a perceber a mudança sonora do seu álbum pousou no colo da cantora na fase
inicial do processo, mas ela imediatamente soube que era o certo.
"Num dia qualquer, eu
estava fazendo uma sessão de fotos na Suécia, e o fotógrafo tinha uma amiga que
era uma fashionista nos anos 70. E ela era um pouco espiritual e meio hippie, e
estávamos jogando conversa fora, falando sobre o música, e ela disse, "Eu
acho que vai ser "Brutal Romantic" E na hora eu pensei: Nossa! É
isso! "Brutal Romantic". Eu adorei!"
"Há muita ambiguidade
nesse título, há tensão e equilíbrio entre as palavras ao mesmo tempo [ Brutal
e Romantic ] e há uma justaposição entre elas. E também eu senti que poderia
fazer referência a uma era , como o período Jurássico, o período renascentista
e o período "Brutal Romântico". Ou essa definição poderia descrever
alguém... enfim, eu adorei todas as diferentes aplicações dessas palavras
juntas, e eu achava interessante o fato de dizer tudo e ao mesmo tempo dizer
nada."
"Há uma parte de mim
que realmente adora brincar um pouco com a percepção nesse álbum, e eu acho que
é isso que se passa no seu título. Para músicas como “Psychosocial” ou “Magical Machine” , onde eu sou como uma
observadora dessa estranha dinâmica de
como nos vemos uns aos outros , de como vemos artistas e celebridades e todas
as outras pessoas que estão visíveis aos olhos públicos."
Brooke Fraser sabe muito bem
sobre essa estranha dinâmica de que fala, de como as pessoas a enxergam, das
expectativas dos fãs e dos comentários intermináveis sobre o fato dela ser
cristã suficiente ou não, e como deve ser seu comportamento, suas vestes e o
que ela deveria escrever a respeito. O lançamento de seus dois primeiros
singles são um exemplo disso. Comentários em sua página do facebook e no seu canal do youtube
traz uma leitura interessante- há muitas pessoas que amam novos caminhos,
mas também há algumas acusações de determinados grupos.
“Aparentemente eu sou
Illuminati e estou vestindo preto no vídeo, então é óbvio que eu sou uma
satanista - Não sei se todos já sabiam disso. - ela ri.”
Os comentários levemente
desconcertantes e as contínuas críticas de mentes fechadas podem ser
frustrantes, mas Fraser tem se acostumado a isso e procura não levar a sério.
“[...] Eu acho que essa é a gênese de
"Psychosocial" , foi aí que ela veio de verdade, e em seguida - pra
ser honesta - uma coisa que eu realmente gosto é a do caminho de “Psycossocial”
tomou ao lançarmos o single, em seguida teve a reação do público a ele - a
reação que alimenta a premissa inicial da música. Então todos esses
acontecimentos só acrescentam à essa obra de arte. Cada comentário, ou como
gostam ou deixam de gostar, se torna parte do mesmo ciclo , e que era meio que
meu objetivo, por isso a ironia é muito deliciosa"
[...] Brooke postou recentemente
em seu twitter uma citação de Cesar A.
Cruz: " Arte deve confortar os perturbados e perturbar o
confortável." Ela explica: "Eu
gosto da ideia de que a música pode trazer tanto conforto e consolo para as
pessoas, mas também para agitar as coisas, e talvez gerar algumas perguntas
A literatura é muitas vezes
uma fonte de inspiração para sua música. " Em ‘Flags’ eu estava lendo
muitos clássicos de autores americanos, como John Steinbeck e Flannery
O'Connor. Dessa vez foram livros como " Just Kids" da Patti Smith (
link da sinopse do livro:
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12967) - eu adoro esse
livro! E também um outro chamado "O retorno do filho pródigo" de
Henri Nouwen , que se trata basicamente das suas conclusões filosóficas a
partir do quadro de Rembrandt que possui o mesmo nome de sua obra.” [...]
Você pode dizer que aos 30
anos de idade, Fraser realmente
encontrou sua música, e está imensamente orgulhosa desse seu novo trabalho.
“Em seus 20 anos você está
explorando e testando a si mesmo para encontrar seu caminho, e eu acho que - eu
espero - que eu naveguei em meus 20 com alguma graça e traços de sabedoria,
mas, eu também acredito que senti a necessidade de me desculpar muito , e
tantas coisas que me frustram sobre minha carreira e que eu posso perceber, era
pelo fato de eu querer agradar aos outros.”
. "Ocorre-me
que talvez no próximo par de anos eu tenha uma fama de ser difícil, mas eu acho
que agora eu sei que a responsabilidade recai sobre mim mesma, e acredito que
completar 30 anos era parte disso.”
"Não que eu antes não
tivesse tomando minhas decisões com responsabilidade, mas eu acho que eu não
lutei tanto quanto eu deveria ter lutado. E eu acho que eu tenho um pouco mais
de luta em mim agora. "


